terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O MITO DE SÍSIFO


Sísifo fora execrado pelos deuses a cumprir um trabalho inútil por toda a eternidade: empurrar uma enorme pedra, montanha acima; Lá chegando, ela rola montanha abaixo e num trabalho contínuo, Sísifo desce e em seguida a empurra novamente até o alto, e assim de modo indefinido, numa verdadeira repetição interminável por toda sua vida.

O seu castigo, é a desgraça de uma condenação que, o obriga a se concentrar em um trabalho inútil. Os deuses o condenaram por que ele amava extremamente a vida, e menosprezava a morte e a eles.

E nós, será que fomos todos levados ao mesmo destino? O castigo de Sísifo, parece-nos o mesmo que temos que enfrentar todos os dias? Acordar no mesmo horário, enfrentar o mesmo trânsito, realizar o mesmo trabalho,...dia após dia...sem mudanças, somente rotinas e longas horas que se repetem, se reproduzem, se refletem, se ecoam indeterminadamente?

E pior, estaríamos amaldiçoados a ler e ouvir invariavelmente as mesmas notícias nos jornais, que relatam a bandidagem praticada por alguns governadores de nossa nação? Além, é claro, do descaso das autoridades com a educação, alimentação, segurança e saúde pública que impera em nosso país?

Me parece que ao contrário de contemplar preguiçosamente este triste quadro, deveríamos em primeiro lugar, propor uma circunspecção, uma discussão dessa morte espontânea e pacífica, frente à falta de esperança e ao conformismo com a realidade diária.

Isto é grave, porque nos leva a total falta de expectativas com relação ao nosso próprio futuro e até mesmo ao futuro de todo povo brasileiro que parece condenado a viver a realidade política que se apresenta repetidamente, como no mito apresentado pelo filósofo.

A impressão que fica é que a grande maioria de nós, prefere somente rolar a pedra montanha acima e correr de volta, montanha abaixo.

A condenação parece tão bem enraizada em nossa cultura, que apesar de saber que o dia de empurra-la, é o dia das eleições, não fazemos nada, além de acompanhar fielmente, depois, os quatro anos que ela leva para descer, e então empurrá-la igualmente ladeira acima...

O Mito de Sísifo é de Albert Camus, Escritor e filósofo francês. Nascido em 7-11-1913, Mondovi, Argélia e falecido em 5-1-1960, Villeblevin, França.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A MORTE DE ZILDA ARNS


Ministro Geddel Vieira lamenta a morte de Zilda Arns

O Globo - ‎há 44 minutos‎

... disse nesta quarta-feira que a fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns, vítima do terremoto do Haiti, ...

Autoridades e entidades lamentam a morte de Zilda Arns Último Segundo

Morte de Zilda Arns 'enluta América Latina', diz OAB Estadão

Personalidades lamentam a morte de Zilda Arns em terremoto G1.com.br

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A Rosicler, minha esposa, lamentou com lágrimas. E de certa forma, demonstrou-se inconformada, com Deus,  pela morte trágica de uma mulher de 75 anos, fundadora da PASTORAL DA CRIANÇA, responsável pela queda de 50% nas mortes de crianças por inanição. 

Lembro-me, quando o escritor José Saramago, recuperado de uma grave cirurgia, ouviu atônito a  pergunta feita por um repórter de um jornal brasileiro: 

- E agora, o sr. passou a acreditar em Deus, após ele ter lhe salvado a vida?  

E, ele respondeu, severamente: 

- Então Deus, estava mais preocupado com a minha vida e deixou que morressem aquelas pessoas nas enchentes de  Santa Catarina? (era época das enchentes, por aqui) 

É constrangedora a nossa forma de pensar e ver as coisas. Tentamos sempre encontrar um culpado pelos acontecimentos. E quando não conseguimos encontrar uma explicação plausível, vamos logo colocando Deus na cabeça da lista. 

Outra forma de enfrentarmos a morte da Médica Zilda Arns, é acreditar que esses ANJOS colocados aqui no nosso meio, vão embora assim mesmo. Retiram-se de seus invólucros materiais, de tal forma, que todos nós: pobres e frágeis habitantes deste planeta inseguro, repleto de terremotos, enchentes e tragédias, lembremo-nos sempre de como eles viveram, o que realizaram e porque! 

Seria muito improvável ler a notícia de sua morte assim: 

"Morre a Médica Zilda Arns, em seu apto na praia de Caiobá, enquanto aproveitava o verão com a sua família".  

Não, isso não era dela. Seria muito pequeno. Ela estava aqui para ensinar e ajudar. E assim fez até o último segundo de sua vida. E assim ela se despediu:  ...enquanto ministrava uma palestra para religiosos no interior de uma igreja no Haiti, quando a maior catástrofe dos últimos 200 anos ocorreu. E ás vesperás de outra que faria no Caribe...

Resta-nos pensar para aprender nas palavras de sua grande amiga e parceira, a voluntária Maria Ceiça:  

Além de simplicidade ela me ensinou que ser pastoral da criança é amar, é acolher, é fazer o outro crescer. Ninguém pode dizer que é pastoral se não tiver muito amor para poder colher todo este amor. Ela me ensinou esta lição e esta lição eu farei hoje e sempre na construção de um mundo melhor” 

Zilda Arns Neumann, nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina no dia 25 de Agosto de 1934 e morreu em Porto Principe, Haiti, no dia 12 de Janeiro de 2010. Foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Universo do Poeta Gaúcho


"Sentir primeiro, pensar depois

Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois"

Mario Quintana


"Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas. 
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha, 
nem desconfia que se acha conosco desde o início 
das eras. Pensa que está somente afogando problemas 
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar 
inquietação do mundo!"

  

Mário de Miranda Quintana  (Alegrete, 30 de julho de 1906  Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista e brasileiro.