quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O BOM SENSO OU A RAZÃO.

René Descartes viveu na idade média, portanto acostumado à autoridade eclesiástica. Possuidor de um espírito inquieto entregou-se a pesquisa das coisas existentes no mundo de sua época, rejeitando as percepções dos sentidos e acaba por escrever uma obra[1] não doutrinária que tenta provar que o conhecimento só pode ser encontrado pelo uso da razão.

Ora, ao empregar o método de Descartes, imagina-se a possibilidade de viver em um mundo perfeito. Um mundo desenvolvido, ao ponto da humanidade não se prostrar frente às opiniões pré-concebidas e geradas em função da aplicação de suas diferenças políticas, sexo e cor.

Este mundo possível e ao mesmo tempo, distante e utópico, mostra-se na prancheta de trabalho do filósofo, como o resultado da aplicação da razão, sobre o pensamento do homem, resultando no desenvolvimento e no progresso da humanidade.

Contudo, apesar de se tratar de um processo eficiente, mais à vista do homem contemporâneo do que, àquele que vivia na idade média, parece-me que a intenção de Descartes, em imprimir a obra em francês, para chegar a todo e qualquer homem, alcançando assim o senso comum, não foi atingido nem mesmo nos dias de hoje.

Quantas guerras, embates, massacres religiosos, divergências políticas e sociais, não se teria evitado ao longo da história da civilização, se a prática da investigação científica, caracterizada pelo uso do bom senso ou da razão, tivesse sido o procedimento normalmente adotado.

Todavia, na ciência, este método resultou em boas conquistas: a medicina, a física e a matemática, áreas de contribuição também de Descartes, experimentadas por métodos empíricos e de investigação racional, trouxeram benefícios inigualáveis à humanidade.

Porém, no campo dos relacionamentos sociais, as opiniões e preconceitos ainda fazem vítimas. Enquanto o homem não absorver a postura racional em seu comportamento, resta-nos à aplicação das leis, como método de minimizar os conflitos, enquanto se pensa em um ideal maior, que é a educação, a cultura, enfim, a instrução de todo e qualquer homem, com base, e, neste caso específico, nas idéias e nos pensamentos do pai da filosofia moderna.

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[1] A Obra é O Discurso do Método, onde surge o Cogito Ergo Sum, Penso, Logo Existo. Descartes chega a esta afirmação, após aplicar ao mundo físico os argumentos do cético[*]. Descartes não era um cético, apenas usa os argumentos do Ceticismo em sua obra "Meditações de Filosofia Primeira”.

Seu objetivo é demonstrar que, não temos como provar existir um mundo exterior a nós. E é neste argumento que, Descartes vai construir a famosa frase: “Penso, logo existo”.

Ora, sem poder afirmar a existência de um mundo exterior, conforme quer o ceticismo, ele conclui que todo conhecimento é falso, já que todos os seus fundamentos, não são claros e evidentes.

E, por duvidar de tudo, resta-lhe crer que não pode, entretanto, duvidar da dúvida. E, como o ato de duvidar é um ato específico do pensamento, ele conclui que a proposição “Penso, logo existo” é a primeira verdade, e esta, com a propriedade de jamais poder ser colocada em dúvida.

Finalizou o filósofo então, que este poderia ser um novo início, o verdadeiro ponto de partida da filosofia.

[*]Clique e leia sobre o Ceticismo no site: http://nelson-machado.blogspot.com/2010/02/o-cetico.html

René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês.

Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, ele foi uma das figuras-chave na Revolução Científica.

Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental.

Bibliografia disponível no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes acessado em : 18 11 10 às 13:48

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