quarta-feira, 28 de abril de 2010

O OUTRO !

Para poder entender o que é "o outro", devemos em primeiro lugar assumir que o que vejo no mundo também é visto pelo outro. Logo, o ponto de vista da empatia mostra que o mundo não pertence nem a mim e nem ao outro e sim ao ato de “pensar o outro”.

Eu somente posso compreender o outro a partir de mim. Ao me colocar no lugar do outro, adoto também a sua maneira de ver as coisas, os seus valores, as suas idéias, enfim, o seu ponto de vista. Isto se chama “empatia”.

Ao agir desta forma, reconhecendo o outro e vendo as coisas pelo ponto de vista dele, eu acabo por reconhecer também o meu ponto de vista e agora pela perspectiva dele. Isto faz com que haja um reconhecimento mútuo e, portanto que eu me descubra.

Assim, ao encontrar o outro, me coloco na posição dele que convive comigo. Ou seja, quando me situo “no outro”, encontro o ser que sou. Pois, descobrir o outro significa descobrir a mim mesmo.

Veja que interessante, o ponto de vista de Sartre*: “segundo ele a situação em que descubro o outro é a mesma na qual sou “descoberto”, tal situação é a da vergonha ou do embaraço”.(História da Filosofia V, Unisul, pg. 40 2010)

Em outras palavras, quando passo a entender o próximo, e ver o mundo pelo seu ponto de vista, acabo vendo a mim mesmo, já que me encontro no mundo visto por ele.

E isto, claro, me envergonha, pois me descubro nos olhos dele, sem as minhas impressões, como a auto-estima e a vaidade.

Vejo-me nitidamente como sou percebido por aquele que muitas vezes faz parte de minhas avaliações e criticas. Por isto o embaraço e, bota embaraço nisto!!
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*Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 — Paris, 15 de Abril de1980) foi um filósofo francês, escritor e crítico, conhecido representante doexistencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

UMA PEQUENA REFLEXÃO SOBRE A ANGÚSTIA.

A angústia leva o homem ao absurdo, a alienação, a tornar-se um estranho em seu próprio mundo. Em outras palavras, retira-o do mundo da praticidade.

Vejamos por exemplo, a utilidade do Malho e do Cinzel: eles têm seu valor enquanto instrumentos de trabalho no corte da pedra e enquanto isto pertencer a eles; O mesmo acontece com o homem que exerce seu trabalho, concentrado em sua vida prática, no seu dia-a-dia. O mundo cobra isto dele e, o faz, porque impõem exigências para permitir que sobreviva.

No entanto, quando a angústia, toma conta da sua mente, ele torna-se um estranho no seu mundo, pois passa a não ter mais préstimo e a viver sem qualquer utilidade. Ele não se esquece do valor que possuía, daquilo que “era”, do que representava para sua família e a sociedade, mas, não pode mais alcançar a praticidade de simplesmente “ser” e “agir”.

Na angústia, como no exemplo acima, o Malho e o Cinzel, perdem o sentido e a praticidade, é como se os seus valores como instrumentos de trabalho no corte da pedra, fossem afastados deles, fossem duas coisas separadas, e não se soubesse mais encaixar a “utilidade” aos instrumentos. Eles se tornam apenas símbolos, e não se sabe mais o que fazer com eles. E assim, se torna a sua vida, ele a reconhece, mas, ele não sabe o que fazer com ela.

Ao absorver a angústia, e perder-se da praticidade, o homem passa a não compreender a sua existência e, fatalmente, a angústia o levará à morte, pois ela é a morte da existência.

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Se achou interessante esta pequena reflexão sobre a Angústia, saiba mais pesquisando:

Dasein (o ser-aí ou o ser-no-mundo), morte, angústia ou decisão, do filósofo contemporâneo alemão Martin Heidegger (Meßkirch, 26 de Setembro de 1889Friburgo, 26 de Maio de 1976).

A pintura acima: A Angústia de Jacó foi obtida no site:

http://acaoja.files.wordpress.com/2007/12/angustia.jpg