sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O FUTURO DE UMA ILUSÃO.

(...) O processo real, porém, poderia ser o de que os ideais se formam depois das primeiras realizações possibilitadas pela cooperação de aptidões interiores e condições exteriores de uma cultura, e que essas primeiras realizações sejam então conservadoras pelos ideais para serem continuadas. A satisfação que os ideais oferecem aos membros da cultura é, portanto, de natureza narcísica. FREUD (2010, p. 50).

Extraí este trecho do livro que recebi de presente dos meus filhos, Jivago e Renan, no natal de 2010. O ensaio com o título “O futuro de uma ilusão”[1] foi escrito pelo pai da psicanálise Sigmund Freud[2].

A grande questão levantada aqui pelo grande pensador é: Qual o futuro da humanidade? Para ele a única forma do homem se organizar razoável e saudavelmente sobre a Terra, e livre de todas as ilusões, é realizando uma mudança radical nas formas de educação.

Entretanto, focando nossa atenção somente no texto acima, pode-se entender, após uma leitura atenta, que ele explica que os ideais, ou seja, os nossos projetos e objetivos surgem após o reconhecimento de nossas aptidões interiores.

Assim, a partir da identificação “daquilo” em que somos bons, é que determinamos em que área, em que campo ou atividade, poderemos direcionar nossos esforços.

Em outras palavras, um jovem com boas aptidões em Matemática e Física, se volta para profissões que se apóiam nessas ciências exatas como seus pilares.

Dito isto, vamos ver com o auxilio de uma “lupa” esta observação finalizada pelo psicanalista:

A satisfação que os ideais oferecem aos membros da cultura é, portanto, de natureza narcísica”.

O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso, e ambos derivam da palavra Greganarke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico.

Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza.

Mas, Narciso, não simboliza apenas mera negatividade: "o mito de Narciso representa (senão para os gregos ao menos para nós) o drama da individualidade"; "ele mostra, isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo" em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde experimenta os seus dramas humanos (Cf.Bibliografia, Spinelli, Miguel, p.99).

Deste modo, é possível interpretar essa proposição de duas formas:

Na primeira, que o jovem do exemplo acima, vaidoso e com suas emoções entorpecidas com os bons resultados em ciências exatas, decidiu orgulhoso, aplicá-las na vida prática, formando-se na nobre profissão de engenharia.

Na segunda, que ele é tomado pela consciência de si mesmo. E por esta razão, percebe com clareza e com serenidade, o caminho que deve trilhar. Visão segura e decisão sábia, pois é proporcionada por um espírito liberto e construído dentro do seu "eu" interior.

E aqui voltamos, como já o fizemos inúmeras vezes, ao “nosce te ipsum”, (conhece-te a ti mesmo), de Sócrates, inscrição do Templo Grego de Delphus.

O que nos leva a “Câmara de Reflexão”, e a mensagem em sua parede: V.I.T.R.I.O.L..

O maçom atento sabe que se trata da sigla da expressão latina "Visita Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem", que quer dizer:

Visite o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal).

Filosoficamente ela quer dizer: Visite o Teu Interior, purificando-te, encontrarás o teu eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana".

Esta mensagem, originalmente da cultura universal, foi trazida para os templos maçônicos, e significa a constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.

Ora, o psicanalista escrevera em alemão, e todas as traduções dessa língua são extremamente difíceis, haja vista, as dificuldades dos tradutores, em encontrar expressões na língua portuguesa que possam fornecer interpretações fiéis aos textos originais.

Mesmo assim, não me parece o caso, que o tradutor deste ensaio Renato Zwick, tenha tido qualquer trabalho com a palavra alemã para “narcísia”.

Mesmo por que, logo a frente, ele traduz:

(...)ela repousa sobre o orgulho da realização que já foi bem-sucedida(...)

Arrisco-me então a concluir que, o entendimento deste texto é direcionado ao campo das vaidades, como na primeira proposição.

Todavia, reservo para mim a segunda proposição, que considero particularmente, mais nobre e mais edificadora, portanto mais maçônica, já que somos homens-maçons, cuja missão é a construção de nosso eu interior.

O que consiste, em se erguer um edifício adequado para o desenvolvimento espiritual e social de cada um de nós.

Criando, desta forma, um ambiente social onde cada um, individualmente, possa exercer e aplicar suas aptidões, visando o seu crescimento e por extensão o de seus iguais: a humanidade.

[1] Neste livro, publicado em 1927, Freud procura analisar a origem da necessidade do ser humano de ter uma crença religiosa na sua vida.Editora L&PM POCKET.

[2]Sigismund Schlomo Freud (6 de maio de 1856 23 de setembro de 1939[3]), mais conhecido como Sigmund Freud, foi um médico neurologista austríaco e judeu, fundador da psicanálise.

Imagem do narcísio retirada do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Michelangelo_Caravaggio_065.jpg Acessado em 21 01 11 ás 18:17.

Imagem de Freud do site: http://psicdesenv.webnode.com.pt/temas/personalidades/sigmund-freud/ Acessado em 21 01 11 ás 18:53


Um comentário:

Harish disse...

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