quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS VALORES "BOM" E "MAL"!




         É Natal! Outra vez é Natal! Este ano, até os pregadores estão gritando que é uma mentira. É isso mesmo. Foi ontem no início da noite, quando caminhava pelo calçadão de Londrina. Lá estava um pregador cristão armado de uma bíblia e de um microfone de lapela, gritando que a festa de nascimento do seu cristo erra um erro. Deveria ser comemorado no mês de Março! Gritava ele.  
        
         Contudo, eeligiosidade e diferenças a parte, o que importa na verdade,  é que esta época é de Paz e Fraternidade. Bem representada para todos de um modo geral, na figura do Papai Noel. Afinal ele só quer distribuir balas e risadas. O gordo de barbas e cabelos brancos retrata bem o verdadeiro espírito natalino: O BOM VELHINHO ! Mas, que bom é esse. Trata-se do contrário de mal?  Ou, de ruim?

         Os valores "Bom" e "Mau" na visão do filósofo alemão Friedrich Nietzsch, ou simplesmente Nitzmostra-se traçado em dose dupla nos valores "bem" e "mal". E ele os mostra, dividindo os homens em dois tipos: o  “Forte” e o “Fraco”.

         Em resumo, o “fraco” imagina em primeiro lugar a ideia de "mau". E assim ele qualifica os nobres, os corajosos, os valentes.  Enfim, todos aqueles que se apresentam mais fortes do que ele.
  
         Em seguida, partindo dessa ideia que ele faz de "mau", define o que considera o contrário, ou seja, o "bom".  E esse “bom” ele toma para si mesmo. Passa a se considerar e se chamar de “bom”.  

         O homem forte, entretanto, imagina prontamente a ideia de "bom" para  si mesmo e então, cria posteriormente  a ideia de "ruim". Desta forma, o forte, considera o "ruim" apenas como uma concepção acessória.  Por exemplo, aquele homem é um atleta ruim, não é eficiente em seu esporte. Ao contrário de "mau", que é aquele jogador violento no jogo.

         No entanto para o fraco, "mau" é o principio da sua criação, que funda a sua moral. Vale lembrar que esta moral, na visão do filósofo, é criada a partir dos ressentidos.  Porque o fraco só se sente firme negando o que avalia como sendo a representação do seu contrário.

         Resumindo, o outro, o forte é o “mau”! Ele, o ‘fraco”, é o “bom”. Ideia mais cristã impossível. Por isto mesmo deve ser lançada nas águas de Março. Nisso concordo com o pregador do calçadão.

         Destarte, veja por outro ponto de vista, a diferença de “simples” e “humilde”. Conheço homens que se dizem “simples”.  No entanto, é apenas uma desculpa para suas grosserias.  Por exemplo, ele convida alguém para ir à sua casa e  durante a visita oferece um café.  Em função da diabetes, o convidado aceita, entretanto, pede:

           Por gentileza, sem açúcar.                            
              E o "simplão", dispara a queima roupa:
           Larga de frescuraVai tomar assim mesmo!

         E caso ele recuse a tomar o café e ingerir aquela glicose toda, jamais receberá outro convite. Imagine então, se o convidado recusar um copo de cerveja, declarando ser alcoólico... Procure observar que ao contrário dele, o humilde, tenta saber com antecedência se o seu convidado, é portador de qualquer problema de saúde e prepara-se com inteligência para recebê-lo. 

         Isso é o respeito que predomina no “forte”.  A simplicidade reflete mais os ressentimentos do “fraco”. Vamos refletir sobre isto, respeitar as diferenças e com HUMILDADE fazer um FELIZ NATAL !


6 comentários:

Anônimo disse...

Sabe Nelson, eu não comemoro o Natal, não fico criticando quem comemora e estragando a festa dos outros, aliás, participo sem problemas da festa com os outros, como convidado levo presente ao anfitrião, comemoro a alegria de estar junto com pessoas que gosto, simplesmente internamente não estou comemorando a crença religiosa cristã, como já disse em outro post, sou deísta, acredito piamente na existência do Princípio Criador mas não creio naquilo que para mim são metáforas e/ou mitos, ainda que sejam instrutivos e admiráveis por serem a concepção da crença em Deus em contextos histórico-culturais, assim para mim existe a mitologia grega, a mitologia egípcia, e existe a mitologia judaico-cristã.

Como disse Joseph Campbell, uma das maiores e mais respeitadas autoridades no estudo de mitologias e religiões: “mitologia é sempre como chamamos a religião dos outros”.

Mas aonde quero chegar com isto? No referente à HUMILDADE que você citou. Meus amigos e familiares cristãos, ao saberem que não penso como a maioria esmagadora pensa, em especial nesta época do ano, me olham com olhar de reprovação e muitas vezes tecem comentários que revelam falta de humildade, deixando transparecer um preconceito em relação aos que não celebram o Natal como se estes fossem serem à margem da sociedade, e os celebrantes fossem as únicas “pessoas de bom coração” justamente porque estão celebrando com Deus o “nascimento do seu filho”. Isto não seria também falta de humildade, e ainda por cima cristã?

Bom final de ano e boas festas.

Nelson Machado disse...

É muito bom ler suas reflexões. Não há problema algum escrever como anônimo, já que escreve exatamente o que pensa. Entretanto, sentir-se obrigado a manter seu nome em segredo por receio da maioria dos é certamente frustrante. O pior é o deísta não se sentir confortável consigo mesmo. O que acontece muito no Brasil contemporâneo. Muitos preconceitos já vieram abaixo. Este entretanto ainda vai levar tempo e dará muito pano para manga.

3FA.
Nelson Machado

Anônimo disse...

É bom saber que meus comentários são bem vindos, chegará o momento de eu poder assiná-los com meu nome, em minha loja já coloquei minha condição de deísta, porém um deísmo que aceita a existência de uma Inteligência Universal e da partícula divina e eterna do homem, mas como já disse e reescrevo: não creio naquilo que para mim são metáforas e/ou mitos, ainda que sejam instrutivos e admiráveis por serem a concepção da crença em Deus em contextos histórico-culturais, assim para mim existe a mitologia grega, a mitologia egípcia, e existe a mitologia judaico-cristã.

Sobre a questão de sentir-se à vontade consigo mesmo como deísta, quando estou comigo mesmo me sinto muito à vontade, como me sinto agora, o problema é quando estou com outros que pelo cabresto dogmático não olham para os lados e ignoram que se pode crer em Deus de outras formas, e pelo medo do inferno tem também medo de pensar diferente, e consequentemente acham perigoso alguém que pensa diferente, alguém que pode "corromper" a tradição (o herege).

Ainda sou A.'.M.'., mas estou cada dia mais comprometido com meus estudos, talvez seja melhor eu esperar até alcançar ao menos o terceiro degrau da escada simbólica para poder quem sabe ser atuante neste trabalho que você diz "dará muito pano para manga", mas quem sabe não é um trabalho necessário e necessite de maçons interessados e convictos para fazer voz e trazer à tona este tema filosófico e deixar mais à vontade outros irmãos na mesma situação? Tenho visto muitos interessados em aproximar-se da Ordem recuarem quando acham que terão que passar a crer em dogmas e tradições que já abandoram, por procurarem um caminho espiritual mais à luz da razão, mais próximo da ciência e da filosofia.

Eu acredito que a época em que a maçonaria foi mais luminosa e ativa foi justamente a época em que muitos grandes maçons e a própria maçonaria em si era mais deísta e predominava o pensamento da mudança e do progresso, diferente de hoje onde vemos predominar um teísmo cristão e a valorização da tradição, fechada às mudanças. Será que não faria bem termos mais deístas na Arte Real?

Cheguei inclusive a cogitar um pedido de transferência para alguma loja do Rito Moderno, não sei até que ponto minha forma de pensar não poderia estar mais alinhada com este rito, mas ao mesmo tempo algo em mim, além do laço fraterno com os irmãos de minha loja, me diz que é mais desafiante e talvez mais produtivo aceitar o desafio de ser um deísta no REAA. Será loucura? Não sei, talvez... Mas sigo estudando e trabalhando.

Excelente blog, feliz ano novo e parabéns.

TFA.

Anônimo disse...

Caro Ir.'. Nelson,

Nao sei se você já leu o comentário anterior, mas depois de pensar muito decidi já começar o trabalho desafiante a que me referi, e já saiu a primeira peça de arquitetura a qual gostaria de compartilhar com você... agora assinada.

Segue o link:
http://www.alferes20.org/Id4.html

TFA

Anônimo disse...

o link do comentário acima já foi atualizado e não é mais o mesmo artigo sobre o deísmo. Os artigos ficam somente uma semana.

Abç

Ir.'.Nélson Machado M.'.I.'. Gr.'.33 disse...

Fiquei muito feliz por você decidir seguir em frente assinando seus comentários. E ainda mais pelo conteúdo do que escreve. O panorama que você traça é promissor e repleto de reflexões. Seja bem-vindo a turma dos livres pensadores.

3GS
Nelson Machado