O estudo sobre o conhecimento se depara com uma questão fundamental: a verdade. Afinal, quando o sujeito conhece, esse conhecimento precisa estar coerente com a realidade, ou seja, precisa ser verdadeiro.
“ É fácil para cada um tomar consciência do que significa a noção de verdade. Que é uma palavra verdadeira ou verídica? É uma palavra que exprime, tal como é, o pensamento de quem fala, uma palavra conforme a este pensamento. Que é então um pensamento verdadeiro? É um pensamento que apresenta, tal como é, a coisa sobre a qual se aplica, um pensamento conforme a essa coisa. É preciso dizer então que a verdade de nosso espírito consiste em sua conformidade com a coisa. Seria impossível dar outra definição da verdade sem mentirmos a nós mesmos, isto é, sem falsear a noção de verdade que usamos de fato no exercício vivo de nossa inteligência cada vez que pensamos” (Maritain, 1998;p.129)
“ Aqueles que duvidam da verdade, portanto, só podem filosofar guardando um absoluto silêncio – mesmo no interior de suas almas – e, segundo, o dito de Aristóteles, tornando-se vegetais. Sem dúvida, a razão muitas vezes se engana, sobretudo nas matérias mais elevadas, e Cícero já dizia que não há tolice no mundo que não encontre um filósofo para sustentá-la. Por conseguinte, é difícil atingir a verdade. Todavia, é o erro dos covardes tomar uma dificuldade por uma impossibilidade.” (Maritain, 1998. p 12)
Da mesma forma o dogmatismo extremista ou unidirecional, pois tem um caminho único de interpretação da realidade. Não oferece outra possibilidade, levando a posturas autoritárias na vida e na ação.
A realidade não se deixa desvendar facilmente. Ela é constituída de vários níveis e estruturas. De um mesmo objeto pode-se obter conhecimento da realidade a partir de diferentes ângulos.
“ Assim, um mesmo objeto pode ter significados diferentes para indivíduos diversos. Por exemplo, a água pode ser, para um homem comum, apenas uma substância necessária à sua sobrevivência, para alguém que nela quase se afogou, uma ameaça, algo tenebroso e evitável, para um nadador, a condição da sua realização profissional e pessoal, a possibilidade de prazer e de reconhecimento. Admitir que exitem ângulos de tratamento do real, bem como pontos de vista, não equivale a seccionar o real em partes independentes; muito pelo contrário. Significa entender que o sujeito pode aprender o real por diferentes ângulos, desde que procure não perder de vista que o real é multideterminado” (Luckesi e Passos, 1996 p.67)
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