quarta-feira, 19 de maio de 2010

PODER POLÍTICO E A LIBERDADE. MUROS NO RJ ?


No Brasil, o recurso de construção de muros visando a separação também está sendo utilizado no Rio de Janeiro. Segundo o prefeito Eduardo Paes, placas diminuem riscos de atropelamentos e isolam as comunidades do barulho dos carros. Mas, para a população das favelas, é mais uma forma de discriminação.

Os muros devem isolar treze favelas na zona sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ) das linhas Vermelhas e Amarela, as principais vias expressas do estado.

Mas, para os moradores é mais uma medida de discriminação. A obra atende aos interesses dos organizadores das Olimpíadas previstas a acontecer no ano de 2010. Internacionalmente, os muros já foram comparados ao antigo muro de Berlim e às barreiras que separam Palestina e Israel.

O Estado Moderno caracteriza-se como:

“um poder político que se exerce sobre um território e um conjunto demográfico (isto é, uma população, ou um povo).”

Entretanto, como mencionado na reportagem sobre as placas do Rio de Janeiro (RJ), o que se conclui é que há uma ação discriminatória dentro do mesmo território e envolvendo a mesma população. Pois, conforme definição de POVO, no livro didático (2010, p. 20):

“se preponderam apreciações sobre a estratificação social e a valorização de uma classe em detrimento de outra, confunde-se povo com plebe.”

E é o que está sendo praticado pelo Estado Carioca, isolando as classes mais pobres das favelas, impedindo-as de transitar pelas principais vias expressas, como medida (paliativa) de segurança a ser apresentada aos turistas durante as Olimpíadas de 2010.

Segundo a politóloga contemporânea russa, Hannah Arendt, este tipo de política que ela chama de “inação”, presente no regime totalitário, retira do ser humano sua liberdade, separando-o de seus direitos e da ação de poder exercê-los dentro da coletividade.

Como escreve e canta Milton Nascimento em sua composição intitulada "Olha": “Tu clamas por liberdade, Mas só aquela que te convém.” É o que se nota na atitude capitaneada pelo Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, objetivando a sua liberdade e de todos os turistas cariocas, ele talha a liberdade da população residente nas favelas, limitando seu direito de transitar livremente pela cidade.

A este propósito, diz GRUPPI citado no Livro Didático (2010, p. 26): “Os homens, por sua natureza, não seriam propensos a criar um Estado que limitasse sua liberdade.” Em outras palavras, entenda-se como liberdade política, àquela em que há participação dos cidadãos na vida política, como por exemplo, nas audiências públicas, exercendo assim uma das formas de controle popular da administração Pública. Já que no estado moderno: ”Tal noção é geradora de um debate sobre a relação entre a sociedade civil e as instituições ou estruturas do Estado.”

Leia as críticas do escritor português José Saramago, publicado em seu blog:
"Cá para baixo, na Cidade Maravilhosa, a do samba e do Carnaval, a situação não está melhor. A ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?"

FONTES CONSULTADAS:

Blog do escritor José Samarago: http://caderno.josesaramago.org/

Composição de Milton Nascimento: http://letras.terra.com.br/milton-nascimento/852166/

MARQUES, Carlos Euclides. Filosofia Política II. Florianópolis, 2010. Livro Didático da disciplina do curso de graduação de Filosofia da UNISUL.

Matéria do Rio de Janeiro RJ:http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/muros-que-separam-favelas-e-vias-sao-realidade-na-cidade-do-rio-de-janeiro


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