quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O VERÃO É SEMPRE VERÃO. A MENTE...

Conforme Arga[1]: (...)nos “provérbios da Holanda”, Bruegel recolhe a voz do povo e ilustra com perfeita fidelidade exemplos que não são da sabedoria antiga, mas da eterna ignorância. [pintura acima]

Ele quer dizer, que o mundo sempre andou do mesmo jeito, considerando os mesmos preconceitos, com os mesmos enganos e mesmos pecados. E assim será sempre.

E nisso resume-se o seu realismo moral: "aceitar o homem exatamente como ele é, fraco e com todos os seus preconceitos e misérias".

E isto me remete nesta tarde de verão, àquelas de minha mocidade, quando moço de quatorze anos ou menos, que enfadado nas tardes de verão, quentes e silenciosas, buscava com a mente em chamas, algo que trouxesse proveito e ajudasse a passar o tempo.

Contudo, lá na cidade de Londrina, naqueles anos sem opções, apenas tendo como companheiros, o tédio e o ócio, restava-me a tarde toda para vagar, viajar e descansar, nas páginas dos livros de Monteiro Lobato e outros gênios da literatura.

Hoje, tantos anos depois, em uma tarde de verão idêntica, quente e silenciosa, entre ir à praia logo à frente, à piscina logo ao lado ou ainda, repassar de carro, como era o verão há 300 anos, no Ribeirão da Ilha, acabo por optar novamente pela leitura, desta feita por um livro sobre Educação, escrito pelo educador mineiro Rubem Alves.

É interessante como a Alma altera a concepção dos momentos. O verão naquele tempo continua, hoje em dia, a ser verão. No entanto, é desigual a concepção do verão atual.

Não obstante, ao que falam os chatos dos ecologistas, e os maçantes dos saudosistas, o verão é o mesmo, nós é que nos metamorfoseamos, na tentativa de encontrarmos nossas verdades.

Nossa alma é a mesma, com as mesmas ansiedades e necessidades.

Todavia, nossos olhos enxergam menos, nossos corpos mais lentos, nossa pele mais franzida, nossa esperança menor, nosso coração maior...

Em outras palavras, se por um lado, nossa mente abriga mais informação e muito mais conhecimento, por outro, guarda muito menos sabedoria e ainda muito menos entendimento.

Porque apesar de estender-se por um número maior de assuntos e variados temas, não esquece aquelas silenciosas e quentes tardes de verão que continuam próprias para o tédio e para o ócio, próprias para vadiar, e se aventurar nas mágicas linhas de um texto filosófico...

Principalmente para um adulto como eu, que apesar dos anos, ainda não aprendeu...

FAÇAM TODOS UM BOM ANO NOVO!

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Dedico esta recordação, nestas palavras de reflexão: à minha Mãe, cuja imagem de seu belo rosto, também não mudará, pois se fixou para sempre em minha mente, depois de adormecida em seus sessenta e oito anos... Que DEUS a abençoe!

[1]Giulio Carlo Argan (Turim, 1909 — Roma, 1992) foi historiador e teórico da arte italiano.

http://rafaelgomes.blogspot.com/2009_01_01_archive.html acessado em 30 12 2010 às 13:37


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

COMO ADMINISTRAR UM ESTADO? E UMA LOJA?

Sabemos que há pelo menos três formas conhecidas historicamente, a saber:

Uma delas é a monarquia, onde o comando é realizado por um único chefe de estado.

Desta forma, teríamos uma Loja comandada exclusivamente pelo Ven\M\. E a ele se atribuiria o planejamento e execução de todo o contexto maçônico pertinente aos seus membros.

Entretanto, ela pode se degenerar e se transformar em “tirania”, tornando-se uma administração, sob o comando de um chefe único, que age em proveito próprio.

A outra é a aristocracia ou oligarquia, nesta um grupo de pessoas soberanas governa o estado.

Sob o ponto de vista aqui tratado, um grupo de MM\II\ em conjunto com o Ven\M\ e os VVig\, se ocuparia dos assuntos acima distinguidos. Deste modo, o detentor do "primeiro malhete", seria o responsável por presidir e executar as decisões acertadas, em reunião de foro íntimo.

Todavia, aqui também há de se correr o risco, de que este modelo de administração, se volte a atender os interesses próprios de poucos.

A terceira é a democracia - bem conhecida de todos nós - é aquela em que a administração provém de todos, por todos e para todos. Em outras palavras, toda matéria que é objeto desta reflexão, passaria a ser debatida e decidida em assembléias, em que haveriam de se reunir a maioria dos membros ativos.

E aqui, outro grande risco, uma democracia pode vir a se tornar o que conhecemos bem em política, e que se defini pelo termo de “domínio de classe”.

Neste “domínio de classe” e somente quando ele ocorre, a Loja estaria sob comando irrestrito. Em outras palavras, os membros da loja se tornariam os senhores absolutos dos assuntos internos e externos, presentes e futuros.

De tal modo, também contraproducente, pois circunstancialmente, a administração é levada - com o inevitável enfrentamento - à total desordem política.

Por outro lado, o homem é um ser político e social e o que realmente quer, é ser feliz. De fato, é na verdade, o que lhe interessa. E de que outra forma encontrar a felicidade, se não, por meio do exercício da virtude?

Procurar o equilíbrio, entre opiniões e decisões e a moderação das paixões e da vontade, certamente é o único caminho capaz, de nos conduzir ao encontro do ponto ideal de comunhão, com nossos iguais.

Deste modo, independentemente do sistema político adotado, seguramente se encontrará um ambiente adequado à busca incansável pelo conhecimento.

Razão única de nossa presença no templo e em loja composta!

QUE ASSIM SEJA!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

É O CONHECIMENTO UMA UTOPIA ?

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".Eduardo Galeano[1]

Ninguém gosta de ler ou fazer aquilo que é difícil demais. Essa é uma boa caracterização das instruções para serem lidas em loja composta: para a grande maioria de nós, inicialmente, elas são difíceis demais, justamente por que englobam, sintetizam muitas informações e conhecimentos adquiridos ao longo da história da civilização. E por fim, elas são ilustradas por símbolos e veladas em alegorias.

Nitz[2] escreveu em um de seus aforismos, que ninguém consegue extrair de um texto, ou de um livro, mais conhecimento do que ele já tem.

Em outras palavras, imaginem passar uma tarde lendo um livro sobre Física Quântica e a teoria das cordas? Em meu caso específico, certamente não conseguirei obter muito conhecimento. Por que ? Porque não sei nada de física quântica!

Se quiser obter sucesso, terei que iniciar-me na física. Perguntar-me o que é Física ? Do Grego physis... que significa natureza... que é a ciência que estuda os fenômenos naturais... E isso significa retornar à ágora grega, e estudar, a partir das primeiras observações realizadas pelos filósofos gregos e percorrer o tempo até os físicos contemporâneos.

Não tem outra forma! Como tentarei entender os fenômenos que ocorrem em dimensões próximas ou abaixo da escala atômica, se não conheço nem aqueles chamados de naturais.

Imagine então tentar entender sobre a teoria das cordas que, afirma serem os objetos extensos unidimensionais, contrariando a física tradicional...

Observe que, o que escrevo acima, passa a impressão de que tenho alguma idéia formada, algum aprendizado sobre Física.

Entretanto, é apenas uma impressão, o que escrevi são alguns dados extraídos de uma pesquisa no site do Google. Porém, contextualizados, com a intenção de melhor explicitar a linha central do texto que é o de entender que para alcançar algum lugar, temos que seguir um planejamento e este deve ser sistemático e no nosso caso, por exemplo, vir a partir destas perguntas:

1. Onde quero ir?

2. Qual o caminho que devo seguir?

3. Quais os materiais que precisarei reunir?

4. Quanta energia estou disposto a empregar nessa excursão?

5. Quanto tempo vou dispor para essa caminhada?

6. E finalmente, estou preparado?

A Maçonaria apresenta um sistema metodológico que favorece a aprendizagem, pois dividi o conjunto geral de seu conhecimento principal em partes que denomina graus [1, 2 e 3], na chamada Maçonaria Simbólica[podendo se estender até o 33].

E estes Graus são divididos em Instruções Clássicas e estas, por sua vez, em complementos e fascículos.

Resumindo, primeiramente procura-se o ensino/aprendizado das partes menores para somente então, alcançar o conjunto do conhecimento.

Exatamente como sugerido na analogia feita acima sobre a Física quântica. E também propondo talvez, a unica solução para o problema apresentado pelo filósofo Nitz.

Não obstante, é bom ter em mente que tudo ocorre a partir do esforço pessoal. A maçonaria coloca a disposição do membro ativo e interessado, todo o material, debates, apresentação de trabalhos e palestras necessárias; no entanto, percorrer o caminho é uma tarefa individual.

[1]Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940) é umjornalista e escritoruruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinandoficção, jornalismo, análise política e História.

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[2]Friedrich Wilhelm Nietzsche, (Röcken, 15 de Outubro de 1844Weimar, 25 de Agostode 1900) foi um filólogo clássico e influente filósofo alemão doséculo XIX