Conforme Arga[1]: (...)nos “provérbios da Holanda”, Bruegel recolhe a voz do povo e ilustra com perfeita fidelidade exemplos que não são da sabedoria antiga, mas da eterna ignorância. [pintura acima]
Ele quer dizer, que o mundo sempre andou do mesmo jeito, considerando os mesmos preconceitos, com os mesmos enganos e mesmos pecados. E assim será sempre.
E nisso resume-se o seu realismo moral: "aceitar o homem exatamente como ele é, fraco e com todos os seus preconceitos e misérias".
E isto me remete nesta tarde de verão, àquelas de minha mocidade, quando moço de quatorze anos ou menos, que enfadado nas tardes de verão, quentes e silenciosas, buscava com a mente em chamas, algo que trouxesse proveito e ajudasse a passar o tempo.
Contudo, lá na cidade de Londrina, naqueles anos sem opções, apenas tendo como companheiros, o tédio e o ócio, restava-me a tarde toda para vagar, viajar e descansar, nas páginas dos livros de Monteiro Lobato e outros gênios da literatura.
Hoje, tantos anos depois, em uma tarde de verão idêntica, quente e silenciosa, entre ir à praia logo à frente, à piscina logo ao lado ou ainda, repassar de carro, como era o verão há 300 anos, no Ribeirão da Ilha, acabo por optar novamente pela leitura, desta feita por um livro sobre Educação, escrito pelo educador mineiro Rubem Alves.
É interessante como a Alma altera a concepção dos momentos. O verão naquele tempo continua, hoje em dia, a ser verão. No entanto, é desigual a concepção do verão atual.
Não obstante, ao que falam os chatos dos ecologistas, e os maçantes dos saudosistas, o verão é o mesmo, nós é que nos metamorfoseamos, na tentativa de encontrarmos nossas verdades.
Nossa alma é a mesma, com as mesmas ansiedades e necessidades.
Todavia, nossos olhos enxergam menos, nossos corpos mais lentos, nossa pele mais franzida, nossa esperança menor, nosso coração maior...
Em outras palavras, se por um lado, nossa mente abriga mais informação e muito mais conhecimento, por outro, guarda muito menos sabedoria e ainda muito menos entendimento.
Porque apesar de estender-se por um número maior de assuntos e variados temas, não esquece aquelas silenciosas e quentes tardes de verão que continuam próprias para o tédio e para o ócio, próprias para vadiar, e se aventurar nas mágicas linhas de um texto filosófico...
Principalmente para um adulto como eu, que apesar dos anos, ainda não aprendeu...
FAÇAM TODOS UM BOM ANO NOVO!
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Dedico esta recordação, nestas palavras de reflexão: à minha Mãe, cuja imagem de seu belo rosto, também não mudará, pois se fixou para sempre em minha mente, depois de adormecida em seus sessenta e oito anos... Que DEUS a abençoe!
[1]Giulio Carlo Argan (Turim, 1909 — Roma, 1992) foi historiador e teórico da arte italiano.
http://rafaelgomes.blogspot.com/2009_01_01_archive.html acessado em 30 12 2010 às 13:37
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