A relação entre o sistema capitalista e o tempo livre dos trabalhadores não se mostra conflituosa apenas na contemporaneidade. Durante o período de domínio da Igreja Católica, os operários desfrutavam noventa dias anuais de descanso, durante os quais era estritamente proibido trabalhar. A labuta nesses dias era vista como um dos maiores crimes do catolicismo e, diante disso, a maior causa de falta de religiosidade da burguesia comercial.
Com a ascensão ao poder da classe burguesa, os feriados foram abolidos. Adaptado às novas necessidades industriais e comerciais, o protestantismo, que era religião cristã, preocupou-se menos, quase nada, com o descanso popular. Dessa forma, o tempo de ócio passou a ser algo condenável, que deveria ser suprimido em nome da produção. O conceito de ócio gozou de diversas representações ao longo da história. No entanto, o estigma de ser algo negativo, parece ter adquirido com o tempo legitimidade na sociedade, até chegar ao famoso ditado popular “mente vazia, oficina do diabo”.
Essa mesma sociedade se esquece da importância que podem ter os momentos de reflexão existentes, nas horas de lazer. Pelo contrário, o tempo livre só é considerado quando representa alguma oportunidade de consumo, o que ocorre cada vez com maior freqüência. Quando não está efetivamente consumindo, o trabalhador tem seu tempo livre recheado de propaganda e de várias outras formas de persuasão capitalistas.
Trocando em miúdos, grande parte do tempo livre do trabalhador acabou sendo tomado pela indústria do entretenimento, que nasceu e ganhou força a partir da redação da jornada de trabalho, resultante de reivindicações sindicais e dos interesses econômicos em se formar novos quadros consumidores. Ou seja, para que houvesse produção em massa, era necessário garantir o consumo em massa.
Diante disso, Henry Ford teve a idéia de aumentar os salários e reduzir a carga de trabalho, viabilizando assim as matérias-primas básicas para o consumo desenfreado: o dinheiro e o tempo.
Como podemos concluir, parece que refletir é a melhor resposta: afinal, o Rit.´. de Ap.´.M.´.do REAA, através da representação de um de seus principais Simb.´., a R.´. de 24 Pol.´. nos ensina como dividir as horas disponíveis em um dia: parte para o trabalho, outra para o descanso e ainda, tempo para a meditação. Por conseguinte, "mãos à obra" ou melhor, "MENTES À OBRA".
Complemento da redação, para o texto “Trabalho, ócio e capitalismo”, publicado na Revista CIÊNCIA & VIDA – FILOSOFIA – ANO II no. 26 – Editora Escala; pelo Prof. Mestre em Filosofia social da PUC/CAMP e Prof. De Filosofia e História na Rede Pública Estadual de Alta Floresta(MT).
IMAGEM : Sêneca e o ócioprodutivo
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